
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) completa 75 anos de atuação no Brasil e, para comemorar a data especial, o braço da ONU para direitos de crianças e adolescentes promoveu evento nesta quarta-feira (16/7), no Palácio do Itamaraty. A data marca também o lançamento do livro UNICEF, 75 anos pelas Crianças e pelos Adolescentes – Uma História em Construção e da exposição Passos para o Amanhã.
Com chegada em 1950, na Paraíba, o Unicef esteve presente em ações de promoção da saúde, educação e cidadania de grante impacto nacional. Para a coordenadora da ONU Residente no Brasil, Silvia Rucks, a data vai além de celebrar a trajetória, mas "reafirma o compromisso em defesa dos direitos das crianças".
Além de Rucks, a mesa da celebração contou com a presença do Representante do Unicef no Brasil, Youssouf Abdel-Jelil; da deputada Maria do Rosário (PT-RS), coordenadora da Frente Parlamentar Mista da Criança e do Adolescente; da ministra-substituta das Relações Internacionais, Maria Laura da Rocha; da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo; da Igualdade Racial, Anielle Franco; do chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; e a representante do Ministério das Mulheres, Eutalia Barbosa.
"Não foi apenas a mortalidade infantil, o país melhorou na vacinação, na alfabetização, no acesso à escola, enfrentou a pobreza e suas múltiplas dimensões e expandiu o acesso à água e ao saneamento básico", afirma Youssouf Abdel-Jelil, que destaca que o Unicef tem ainda muito trabalho pela frente.
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"Os direitos das crianças e dos adolescentes é uma agenda inacabada, o combate à violência contra crianças e adolescentes, por exemplo, foi um dos poucos temas em que o avanço deixou muito a desejar", aponta. "A agenda também é inacabada porque novos direitos surgem e passam a ser exigidos.
Ocuparam o palco e a mesa também crianças quilombolas e ciganas, que entregaram Carta da Infância de Terreiro ao Ministério da Igualdade Racial, a adolescente quilombola Gláubia Moraes, 17 anos, e o adolescente indígena João Pedro Silva Pankararu, 18.
Jovem de Pernambuco, João Pedro chamou atenção pela fala e foi até "tietado" por Anielle, que chamou o adolescente para o púlpito e pediu foto com ele. "Eu nunca imaginei na adolescência conhecer um ministro ou uma ministra e fiquei olhando para você falando e me tocou muito quando você falou, porque você disse que as pessoas precisam comentar mais", afirmou a ministra. "Como eu nunca me imaginei, mas também nunca deixei que ninguém apagasse meu sonho, eu queria olhar para você e dizer: 'nunca permitam que ninguém apague também os seus sonhos'".
Entre as conquistas celebras nesta quinta-feira, estão o avanço na cobertura vacinal e a redução da mortalidade infantil. A mortalidade infantil reduziu em 90% desde a chegada do Unicef. Em 1950, o 156 a cada mil crianças morriam antes de 1 ano de vida — 16 a cada 100. A taxa é de 12 a cada mil em 2022 de acordo com dados da Child Mortality.
O ícone Zé Gotinha também foi lembrado pela instituição. Criado pelo artista Darlan Rosa, o personagem foi o ponto central na campanha de erradicação da poliomielite, responsável por imunizar 100% do público alvo em 2000. Após queda nos últimos anos, que fez a cobertura alcançar 71% em 2021, a vacina alcançou cobertura de 90% em 2024.