
O recém-eleito presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, afirmou, nesta quarta-feira (16/7), que “o Brasil não é um puxadinho dos Estados Unidos”, em crítica direta ao governo de Donald Trump. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa sobre os resultados gerais do PED 2025, em meio ao acirramento da crise diplomática e comercial entre os dois países, após o republicano anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Segundo Edinho, o cenário exige que o Brasil busque fortalecer novos blocos comerciais com países alinhados à democracia. “Essa crise diplomática demonstra que temos que reforçar nossa concepção de formação de blocos comerciais e reunir na mesa os países que não aceitam a normalização das práticas do governo Trump”, disse o dirigente petista.
Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara (SP) e nome histórico da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), foi eleito com 378 mil votos — 73,1% dos cerca de 550 mil filiados que participaram do Processo de Eleição Direta (PED) do partido, o maior já registrado na história do PT. A vitória reforça a hegemonia da CNB dentro da legenda e chancela a tese defendida por essa ala: “Derrotar a extrema direita e avançar na construção de um novo Brasil”.
Na disputa interna, Edinho superou nomes tradicionais e mais à esquerda do partido, como Romênio Pereira (58,8 mil votos), Rui Falcão (57,7 mil) e Valter Pomar (22,5 mil). Agora, ele promete liderar uma agenda de debates estratégicos para o futuro da legenda.
Entre os principais temas elencados por Edinho como prioridade para os próximos meses estão: reforma política eleitoral, fortalecimento dos partidos, financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), mudanças climáticas, jornada de trabalho 6x1, tarifa zero no transporte público e, especialmente, segurança pública. “É urgente que possamos aprofundar o debate sobre segurança. A sociedade está exigindo isso”, afirmou.
Além das pautas programáticas, Edinho defendeu mudanças estruturais no funcionamento do PT, incluindo um novo estatuto. Entre os pontos propostos estão o limite de mandatos, a renovação da militância e o fortalecimento da organização de base.
Suspeita de fraude
Apesar da mobilização recorde de filiados, o PED não passou ileso de controvérsias. Houve denúncias de filiações em massa, suspeitas de fraude e ameaças de judicialização em diferentes estados. O senador Humberto Costa (PE), que presidiu o partido durante o processo, minimizou os episódios. “Em toda disputa política ocorrem trocas de acusações. Acredito que não houve nenhuma anomalia fora do padrão. Mas é claro que o processo precisa ser aperfeiçoado para garantir ampla participação”, declarou.
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O segundo turno das eleições para a presidência dos diretórios estaduais ocorrerá no dia 27 de julho em cinco estados — Paraná, Tocantins, Santa Catarina, Rondônia e Rio Grande do Sul — além de diversas cidades onde o pleito também seguirá indefinido até lá.