
As redes sociais amanheceram nesta quarta-feira (16/07) com críticas à nova ofensiva do governo dos Estados Unidos contra o Brasil. Hashtags como #BolsotrumpContraoPix, #InimigosdoPix, #Bolsotaxa e #PLdaDevastaçãoNão chegaram ao topo dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). As publicações acusam o ex-presidente norte-americano Donald Trump de tentar interferir em políticas públicas brasileiras, e cobram um posicionamento de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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A hashtag #DefendaOPix rapidamente subiu nos trending topics, e muitos usuários acusaram Washington de proteger os interesses de grandes operadoras de cartões de crédito, como Visa e Mastercard. “O Pix é um sucesso popular que incomoda corporações bilionárias”, escreveu um usuário no X. Outros ironizaram: “Agora o problema dos EUA é que o Pix é rápido demais?”
Entre os alvos de pressão está o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que ainda não se manifestou sobre o caso. A cobrança se intensificou após usuários lembrarem que o parlamentar já havia feito vídeos virais sobre o Pix, na época, para criticar uma suposta tentativa de taxação durante o governo Lula, o que foi desmentido pelas autoridades.
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Além da repercussão econômica, a mobilização nas redes foi usada por ativistas ambientais para impulsionar a oposição ao projeto de lei PL 2159/21, conhecido como “PL da Devastação”. Críticos do texto aproveitaram o engajamento em torno do Pix para ampliar o alcance da campanha contra a proposta, que trata da flexibilização do licenciamento ambiental e está na pauta da Câmara dos Deputados.
Além das reações políticas e hashtags, uma imagem gerada por inteligência artificial começou a viralizar nas redes sociais. Na montagem, atribuída ao ChatGPT, o ex-presidente Jair Bolsonaro aparece segurando uma placa com os dizeres: “Seu Pix pela minha anistia”. A imagem tem circulado entre críticos do ex-mandatário como uma sátira à ofensiva comercial dos Estados Unidos.
Parlamentares reagem
No Congresso, a repercussão também foi imediata. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) classificou a medida como uma tentativa de retorno às taxas bancárias e acusou Trump de favorecer interesses comerciais de grandes empresas dos EUA.
“Trump quer o fim do Pix e que voltemos a pagar taxas para bancos e operadoras como Visa e Mastercard”, escreveu. Ela também alertou para possíveis pressões futuras sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), outro ponto de atrito entre os governos.
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) ironizou a ofensiva norte-americana e lembrou o histórico eleitoral de Donald Trump. “Agora o Trump quer… acabar com o PIX no Brasil. Diz ele que é uma prática desleal com os EUA. Bom mesmo é votar em papelzinho pelo correio, né, Laranjão?”, escreveu, em publicação.
Investigação dos EUA mira Pix e exportações
A crise teve início com a publicação, pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR), de um relatório que acusa o Brasil de práticas comerciais “desleais”. O documento menciona diretamente o Pix, sistema de pagamento gratuito criado pelo Banco Central e utilizado por mais de 150 milhões de pessoas no país. “O Brasil parece adotar uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a concessão de vantagens aos seus serviços desenvolvidos pelo governo”, diz o texto.
A investigação foi aberta sob a chamada Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, um dispositivo legal utilizado em disputas internacionais, e ocorre poucos dias após o governo Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA.
Além do Pix, o relatório também faz menções críticas a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), à movimentação comercial da Rua 25 de Março e a acordos internacionais firmados com países como Índia e México.
O governo brasileiro informou que pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e aplicar medidas com base na Lei da Reciprocidade. O Ministério das Relações Exteriores acompanha o caso.