Ásia

Com Xi, Lula diz que relação com China "nunca foi tão necessária"

"Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da OMC", destacou petista

Lula e Xi Jinping assinaram 20 acordos de cooperação entre Brasil e China, em áreas que vão desde programa de satélites à agricultura -  (crédito:  Ricardo Stuckert/PR)
Lula e Xi Jinping assinaram 20 acordos de cooperação entre Brasil e China, em áreas que vão desde programa de satélites à agricultura - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (13/5) que a relação entre o Brasil e a China “nunca foi tão necessária”, citando um cenário internacional instável com conflitos armados e guerras comerciais.

O petista fez uma declaração à imprensa em Pequim, na China, logo após uma reunião bilateral com o presidente chinês, Xi Jinping. Ambos assinaram 20 acordos de cooperação e emitiram um comunicado conjunto, praxe nesse tipo de encontro entre chefes de Estado.

“A relação entre o Brasil e a China nunca foi tão necessária. A Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável, que estabelecemos em novembro passado, é uma alternativa às rivalidades ideológicas”, disse Lula ao iniciar seu discurso, ao lado de Xi.

O chefe do Executivo argumentou que o mundo ficou mais imprevisível, instável e fragmentado nos últimos meses, e que tanto China quanto Brasil defendem o multilateralismo, quando as decisões são tomadas em conjunto, em fóruns internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), ou em diálogo entre os países.

“Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, enfatizou Lula.

Desde que iniciou sua viagem à Rússia e à China, o presidente tem reiterado as críticas ao tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A taxação causa incerteza no comércio mundial, apesar de ter sido suspensa por 90 dias para negociações.

Lula também voltou a criticar os conflitos armados em andamento, citando especificamente os ataques à Faixa de Gaza, por Israel, e a guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele ainda ressaltou que Brasil e China criaram uma proposta de negociação para a guerra na Ucrânia, afirmando que ela oferece “base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”.

“A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel”, enfatizou.

Cooperação Brasil-China

Já sobre a cooperação entre o Brasil e o país asiático, o presidente lembrou que há um grande número de projetos em andamento, como a cooperação entre os Bancos Centrais para facilitar investimentos e o programa de satélites, que lançará dois novos equipamentos à órbita para monitoramento agrícola, ambiental e meteorológico.

Há ainda uma cooperação entre estaleiros dos dois países, fortalecendo a indústria naval, protocolos para aumentar a capacidade brasileira na fabricação de medicamentos e equipamentos médicos, e a captação de investimentos.

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Lula deu ênfase  às Rotas de Integração Sul-Americanas, projeto de infraestrutura capitaneado pelo Brasil que visa interligar a região com rodovias e portos. Especialmente, criar um acesso para os produtos brasileiros ao Oceano Pacífico, reduzindo o custo da exportação para a Ásia.

“Há poucas semanas, uma missão chinesa esteve no Brasil para examinar oportunidades de investimento em infraestrutura no âmbito das Rotas de Integração Sul-Americana. As Rotas são mais do que corredores de exportação entre o Atlântico e o Pacífico: são vetores de indução do desenvolvimento”, disse.

O presidente brasileiro encerrou hoje sua visita de Estado à China, e deve embarcar de volta para o Brasil amanhã (14), no horário local. O fuso horário de Pequim fica 11 horas à frente do de Brasília.

postado em 13/05/2025 11:40 / atualizado em 13/05/2025 11:44
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