Antíteses da liderança

. -  (crédito: Kleber/CB/D.A Press )
. - (crédito: Kleber/CB/D.A Press )

Um bom líder agrega, soma, demonstra altruísmo, toma decisões baseadas na coletividade, esbanja parcimônia e trato diplomático, tem a noção exata do limite entre comando e despotismo. Não tenta subverter a ordem nem busca perpetuar-se no poder. Entende que a alternância de liderança é crucial para a estabilidade democrática. Um bom líder não conspira contra a própria nação, não violenta o Estado de Direito e não fomenta ódio e cizânia entre a população. Representa o povo, porque por ele foi eleito e não pode trair sua confiança. Também não trabalha contra os interesses da economia nacional nem pune países terceiros para benefício próprio. Da mesma forma, respeita a soberania de outras nações e não tenta interferir no que não lhe diz respeito.

Um bom líder não conclama o próprio povo a "lutar como no inferno" nem estica a corda para que seus simpatizantes desafiem as leis e o máximo tribunal de Justiça. Também não questiona o resultado das urnas nem tenta criar factoides para tentar subverter o resultado das eleições. Um bom líder entende que os imigrantes ajudam a construir uma sociedade próspera, multicultural e cosmopolita. Por isso, não persegue estrangeiros como se fossem animais. Respeita a diversidade de gênero e de etnias. Não se dirige a uma mulher soltando asneiras, como "Você não merece ser estuprada". Não tripudia da agonia lenta de compatriotas, nem imita a falta de ar, que esvazia os pulmões e consome a vida de quem tem formas graves de covid-19. Um líder, na acepção correta do termo, não despreza a ciência e se apressa a buscar vacinas para a população, na esperança de minimizar o impacto de uma pandemia. Não fica posando para foto, diante de emas, balançando uma caixa de cloroquina, como se fosse garoto propaganda do laboratório.

Um líder nato não se apega a mentiras e exageros para impor medo ao povo. Como quando "ressuscita" o comunismo e quase que o compara a uma seita de comedores de criancinhas. Demonstra completa ignorância histórica, pois não percebe que o comunismo, modelo falido e ultrapassado ante a força do capital, ruiu com a cortina de ferro. Um bom líder não trata o próximo com empáfia e arrogância. Também não persegue universidade, porque entende que o cidadão com oportunidades de educação tornar-se-á profissional de alta capacitação e ajudará no progresso do próprio país.

Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro têm muito em comum, além de serem representantes da direita ultraconservadora (ou extrema direita). São exemplos de antíteses de liderança. Políticos que mais se preocupam em salvar a própria pele do que em construir uma nação baseada na solidariedade, na fraternidade e no respeito pela democracia e pelo Estado de Direito. Políticos que se julgam acima do bem e do mal e não se furtam em atear combustível à fogueira para semear a divisão, o caos e o ódio. Um dia, a conta chega. 

 

postado em 16/07/2025 06:00
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