
comportamento predatório dos seres humanos, na relação com o meio ambiente, destaca-se por meio da crise climática que o mundo vem enfrentando há bastante tempo. Não foi por falta de alerta. As advertências começaram no século 19, quando os cientistas identificaram os primeiros efeitos do aquecimento do planeta. No início dos anos 1970, o tema ganhou mais espaço durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia.
Durante a ECO92, no Rio de Janeiro, cientistas e especialistas alertaram para a gravidade da intervenção humana nas florestas, tanto pelo desmatamento quanto pelas queimadas, sobretudo na Amazônia. Naquela época, a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, era considerada o pulmão do planeta. A Selva Amazônica ocupa 7% do planeta. A sua importância é a captação de carbono e a emissão de oxigênio, além da sua biodiversidade.
Hoje sabe-se que a Amazônia não é pulmão do mundo. Essa é a função das algas marinhas, que produzem 54% dos oxigênio da Terra, e os mares são os reguladores do clima. Sem eles a temperatura terrestre poderá ultrapassar 100ºC, tornando insuportável a vida na Terra, segundo dados do Instituto Brasileiro de Florestas. Os mares também estão, sobretudo as algas, ameaçadas pelos rejeitos plásticos e outros materiais descartados nas águas.
A indiferença e a ausência de políticas públicas mais rígidas, na maioria dos países, com destaque para o Brasil, facilitaram o desmatamento e a poluição das praias e tantas outras intervenções predatórias nos biomas. A Floresta Amazônica, o Cerrado, os Pampas, a Caatinga, a Mata Atlântica e o Pantanal Mato-grossense foram seriamente afetados pelas ações humanas. A exploração desordenada desses tesouros naturais levou pelo menos a Amazônia e o Cerrado próximos ao ponto de não retorno.
No ano passado, o estado do Amazonas passou por um colapso ambiental. Além da seca extrema pelo segundo ano consecutivo, a região foi alvo de 25 mil queimadas criminosas, o maior número dos últimos 26 anos. Esses incêndios não ocorrem por combustão natural, mas pela ação humana, que provoca uma tragédia ambiental atrás da outra.
Ainda em 2024, o Rio Grande do Sul foi vítima das mudanças climáticas. A capital, Porto Alegre, e 478 das 497 cidades gaúchas foram inundadas. Os temporais afetaram 2,4 milhões de pessoas, causando 184 mortes e 25 desaparecimentos. Segundo os especialistas, a tragédia resultou de uma combinação entre mudanças climáticas, ocupação irregular e infraestrutura inadequada. Neste ano, os temporais elevaram o nível do Rio Taquari em 14 metros e 1.200 pessoas foram desalojadas até agora, o que não deixa de ser uma tragédia.
Estamos a quatro meses da COP30, que deverá estabelecer metas para evitar que os fenômenos climáticos sejam mais agressivos, a partir de iniciativas que evitem o avanço do aquecimento global. Antes de pensar na economia, os países têm a obrigação de pensar como preservar a vida humana. É preciso enfatizar que a humanidade precisa ter uma relação harmoniosa com a natureza, caso contrário, nenhuma moeda, ou riqueza, será a salvação da pátria.