Planalto

O que dizem pesquisas sobre popularidade de Lula após tarifaço de Trump

Anúncio de Trump de que pretende taxar em 50% os produtos brasileiros repercutiu positivamente para o governo Lula, segundo pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias.

O que dizem pesquisas sobre popularidade de Lula após tarifaço de Trump -  (crédito: BBC Geral)
O que dizem pesquisas sobre popularidade de Lula após tarifaço de Trump - (crédito: BBC Geral)

O anúncio do presidente americano, Donald Trump, de que pretende taxar em 50% os produtos vindos do Brasil acabou repercutindo positivamente para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontam pesquisas de opinião divulgadas na terça (15/7) e nesta quarta-feira (16/7).

A pesquisa Atlas/Bloomberg, que colheu respostas entre a sexta-feira (11/7) e o domingo (13/7/) - ou seja, após o anúncio de Trump - mostrou uma oscilação positiva de 2,4 pontos percentuais na aprovação do presidente, que passou de 47,3% em junho para 49,7%. A desaprovação saiu de 51,8% para 50,3%.

O resultado indica um empate entre o índice de aprovação e desaprovação de Lula, já que a diferença está dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.

A outra pesquisa que avaliou o impacto das tarifas no Brasil foi a Genial/Quaest, realizada entre a quinta-feira (10/7) e a segunda (14/7).

Segundo o levantamento, o governo Lula agora é desaprovado por 53% dos brasileiros, uma oscilação de 4 pontos para baixo, em relação ao levantamento anterior, de maio. A aprovação da gestão petista oscilou para cima, saindo de 40% para 43%.

As duas pesquisas também mostram que a maior parte dos brasileiros desaprova a medida contra o Brasil de Trump. O americano associou a tarifa, entre outros pontos, ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.

Os institutos também apontam que os brasileiros avaliam positivamente a resposta de Lula às tarifas, incluindo o uso da política de reciprocidade.

Veja detalhes das duas pesquisas:

O que diz a Atlas/Bloomberg

A pesquisa Atlas/Bloomberg perguntou se o entrevistado aprova ou desaprova o desempenho do presidente Lula. O resultado foi:

  • 50,3% desaprovam (-1,5 pontos percentuais em relação à última pesquisa, em junho)
  • 49,7% aprovam (+2,4 pontos percentuais)

Na pergunta sobre a avaliação do governo Lula, os entrevistados consideraram o governo:

  • 49% ruim/péssimo (-1,8 pontos percentuais em relação à última pesquisa, em junho)
  • 43,4% ótimo/bom (+1,8 pontos percentuais)
  • 7,2% regular (sem variação)

Em relação às tarifas, o levantamento aponta ainda que 62,2% dos brasileiros acham a taxa de Trump injustificada, contra 36,8% que avaliam como justificada. 50,3% dizem que a medida configura uma ameaça à soberania nacional, contra 47,8% que discordam da afirmação.

E 44,8% acharam a resposta do governo Lula adequada, contra 27,5% que consideraram "agressiva" e 25,2% que consideraram "fraca".

Para 40,9% dos entrevistados, a tarifa de Trump é uma retaliação ao papel do Brasil no Brics - e 36,9% acham que o principal motivo é a atuação da família Bolsonaro.

A pesquisa Atlas/Bloomberg ainda questionou os entrevistados sobre a política externa do governo. 60,2% das pessoas disseram aprovar a política externa de Lula, e 61,1% responderam que o atual presidente representa melhor o Brasil internacionalmente do que Bolsonaro.

Em relação ao levantamento anterior sobre o tema específico, de novembro de 2023, a melhora é substancial: subiu 10,6 pontos percentuais na aprovação da política externa e 10,1 pontos percentuais na comparação com Bolsonaro.

Segundo a Atlas/Bloomberg, Trump é visto negativamente por 63,2% dos brasileiros, o maior índice da série iniciada em novembro de 2023, com alta de 6 pontos percentuais na comparação com o mês passado.

No quesito a economia, a pesquisa mostra um pessimismo. Para 48,6%, há uma expectativa de alto impacto das medidas de Trump; para outros 14,8%, o impacto será "muito alto". E 72% dos brasileiros acham que o ritmo de crescimento econômico vai diminuir diante das tarifas de Trump.

O que diz a Genial/Quaest

Outra pesquisa que avaliou o impacto das tarifas no Brasil foi a Genial/Quaest, realizada entre a quinta-feira (10/7) e a segunda (14/7).

A aprovação do governo Lula, segundo o levantamento, tem o seguinte cenário:

  • 53% desaprovam (-4 pontos percentuais em relação à última pesquisa, em maio)
  • 43% aprovam, (+3 pontos percentuais)

Diretor da Quaest e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Felipe Nunes destacou que "a melhora na popularidade se deu principalmente fora das bases de apoio tradicionais do governo". Isso é: Lula melhorou sua aprovação no Sudeste, entre as pessoas com ensino superior completo e na classe média.

Na pergunta sobre como enxergam o governo Lula, os entrevistados avaliaram:

  • 40% negativo (-3 pontos percentuais em relação à última pesquisa, em maio)
  • 28% regular (sem variação)
  • 28% positivo (+2 pontos percentuais)

O pesquisa perguntou ainda se Trump está certo ou errado de impor taxas por acreditar que há uma perseguição a Bolsonaro no Brasil. Para 72%, o americano está errado; para 19%, ele está certo.

57% avaliaram que Trump não tem direito de criticar o processo contra Bolsonaro - 36% dizem que o americano tem o direito.

Sobre a reação de Lula à crise, 53% dizem que o presidente está certo ao "reagir com reciprocidade", enquanto 39% responderam que ele está errado.

As falas de Lula no Brics também aparecem como o principal motivo para a tarifa de Trump, na avaliação de 26% dos entrevistados pela Quaest. Para 22%, foram a ações no STF contra Bolsonaro que realmente provocaram Trump a anunciar a medida; e, para 17%, o motivo é a influência de Eduardo Bolsonaro nos EUA.

A Quaest também perguntou se a carta de Trump faz querer votar mais em Lula ou em Bolsonaro e num candidato apoiado pelo ex-presidente.

Para 53%, a medida de Trump não influencia no voto. 19% dizem que as declarações fazem querer votar mais em Bolsonaro ou em seu aliado; outros 19% dizem querer votar mais em Lula.

A pesquisa também mostra o pessimismo econômico. 43% responderam que esperam uma piora da economia no próximo ano, segundo a Quaest, o maior índice da série histórica com início em junho de 2023.

BBC
Vitor Tavares - Da BBC News Brasil em São Paulo
postado em 16/07/2025 12:53 / atualizado em 16/07/2025 23:34
x