Guerra comercial

EUA reclamam de Pix, 25 de Março e pirataria em investigação contra o Brasil

No documento, o governo norte-americano aponta diversas práticas brasileiras que, segundo sua avaliação, "distorcem a concorrência" e prejudicam empresas dos Estados Unidos. Novas tarifas ou sanções comerciais podem ser adotadas, caso não haja acordo entre os dois países

Sob ordens de Trump e conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR), a apuração abrange seis frentes e vai de Pix e 25 de Março a Lava-Jato e etanol -  (crédito:  Getty Images via AFP)
Sob ordens de Trump e conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR), a apuração abrange seis frentes e vai de Pix e 25 de Março a Lava-Jato e etanol - (crédito: Getty Images via AFP)

Sob ordens do presidente Donald Trump, os Estados Unidos abriram uma investigação formal para apurar se políticas e práticas adotadas pelo Brasil restringem ou prejudicam o comércio norte-americano. Conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR), a apuração abrange seis frentes, que incluem críticas ao Pix, tarifas de importação, violações de propriedade intelectual — com menção direta à Rua 25 de Março —, além de questões relacionadas a etanol, corrupção e desmatamento.

No documento, o governo de Trump aponta uma série de práticas brasileiras que, segundo eles, “distorcem a concorrência” e prejudicam as empresas dos EUA. Essas alegações serão analisadas ao longo do segundo semestre e podem resultar na imposição de sanções caso não haja acordo entre os dois países.

A investigação foi aberta com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, de 1974, e prevê consultas diplomáticas, além de uma audiência pública marcada para 3 de setembro de 2025. Empresas e entidades interessadas poderão enviar comentários até 18 de agosto. 

A medida foi anunciada dias após o governo norte-americano comunicar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto. Caso o impasse persista, os Estados Unidos podem ampliar as sanções comerciais.

Confira os principais pontos da investigação:

  • Pix e serviços digitais

O relatório acusa o Brasil de adotar práticas desleais no setor de pagamentos eletrônicos, privilegiando sistemas públicos como o Pix em detrimento de empresas privadas americanas, como Visa e Mastercard. Também critica barreiras à transferência internacional de dados, responsabilização de plataformas digitais por conteúdos de terceiros e pressões para remoção de postagens políticas, impactando diretamente empresas de tecnologia dos EUA.

  • Tarifas preferenciais

Segundo o documento, o Brasil aplica tarifas discriminatórias ao conceder tratamento preferencial a países como México e Índia, enquanto impõe alíquotas de até 35% sobre produtos norte-americanos, classificados como “nação não favorecida”.

  • Corrupção e Lava-Jato

O relatório questiona a efetividade das leis anticorrupção brasileiras, destacando a anulação de condenações da Operação Lava-Jato como indício de fragilidade institucional. Para os EUA, a falta de transparência e a insegurança jurídica afastam investidores estrangeiros.

  • Propriedade intelectual e pirataria (incluindo a Rua 25 de Março)

O documento critica o combate insuficiente à pirataria no Brasil, apontando a Rua 25 de Março como um dos principais centros de venda de produtos falsificados, consoles adulterados, dispositivos de streaming ilegais e outros equipamentos que violam direitos autorais. Apesar das fiscalizações, a ausência de punições rigorosas compromete a eficácia no combate ao problema.

  • Etanol

O governo Trump alega que o Brasil elevou tarifas sobre o etanol importado dos EUA, com alíquotas que chegaram a 18%. Consequentemente, as exportações americanas caíram de US$ 761 milhões em 2018 para apenas US$ 53 milhões em 2024, situação classificada pelos EUA como uma “barreira comercial injusta”.

  • Desmatamento ilegal

O relatório aponta que até 91% do desmatamento registrado em 2024 foi ilegal, facilitado por corrupção na cadeia de legalização de produtos agrícolas e madeira. Isso conferiria aos produtos brasileiros uma vantagem competitiva indevida no mercado global.

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  • Governo Trump abre investigação comercial sobre o Brasil
    Sob ordens de Trump e conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR), a apuração abrange seis frentes e vai de Pix e 25 de Março a Lava-Jato e etanol Foto: BBC Geral
  •  WASHINGTON, DC - JULY 14: U.S. President Donald Trump delivers remarks during a White House Faith Office luncheon in the State Dining Room at the White House on July 14, 2025 in Washington, DC. Pastor Paula White-Cain, the head of the White House Faith Office, hosted the luncheon with members of government and faith-based and community organizations.   Kevin Dietsch/Getty Images/AFP (Photo by Kevin Dietsch / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
    WASHINGTON, DC - JULY 14: U.S. President Donald Trump delivers remarks during a White House Faith Office luncheon in the State Dining Room at the White House on July 14, 2025 in Washington, DC. Pastor Paula White-Cain, the head of the White House Faith Office, hosted the luncheon with members of government and faith-based and community organizations. Kevin Dietsch/Getty Images/AFP (Photo by Kevin Dietsch / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) Foto: Getty Images via AFP
postado em 16/07/2025 10:54 / atualizado em 16/07/2025 11:42
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