ATIVIDADE ECONÔMICA

Prévia do PIB de maio tem queda e antecipa desaceleração

IBC-Br, do Banco Central, antecipa desaceleração ao interromper quatro meses de dados positivos e recuar 0,7% no quinto mês do ano — abaixo das estimativas do mercado

Banco central  -  (crédito: Reprodução/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Banco central - (crédito: Reprodução/Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do país, recuou 0,7% em maio na comparação com o mês anterior, conforme dados divulgados ontem pela autoridade monetária. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava estabilidade do indicador, ante o crescimento de 0,2% de abril, interrompendo quatro meses de variação positiva.

A retração no mês foi puxada pela agropecuária, que registrou queda de 4,2% entre abril e maio. A indústria recuou 0,47% no período, enquanto o setor de serviços permaneceu estável. Os dados do IBC-Br antecipam uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre, algo que era esperado pelo mercado para o segundo semestre, devido aos efeitos defasados da política monetária que segue contracionista, com a taxa básica da economia (Selic) subindo desde setembro de 2024.

"Esse resultado mostra, em nossa opinião, a atividade dando os primeiros sinais de desaceleração, principalmente em relação ao PIB Agro e Industrial, que passaram a ter carrego negativo, em linha com a nossa expectativa da política monetária apertada tendo efeito a partir do segundo semestre", destacou Tatiana Pinheiro, economista-chefe e sócia da Galápagos Capital. "Por isso, mantemos a projeção de desaceleração da atividade mais significativa no segundo trimestre, criando espaço para o início do ciclo de cortes de juros em dezembro de 2025, com a Selic em 14,50% ao final do ano", projetou.

Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano. Conforme os dados do BC, o IBC-Br teve alta de 3,2%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Já no acumulado em 12 meses, passou a um ganho de 4%.

O IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC, de frequência mensal, permite acompanhamento mais frequente da evolução da atividade econômica, ao passo que o PIB de frequência trimestral descreve um quadro mais abrangente da economia.

O BC elevou a projeção de expansão da economia brasileira neste ano de 1,9% para 2,1%, conforme o mais recente Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado no fim de junho. Economistas do mercado financeiro também voltaram a reduzir suas projeções para a inflação neste ano pela sétima semana consecutiva. Segundo os dados do Boletim Focus, divulgado ontem pelo BC, a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 caiu de 5,18% para 5,17%. Já a mediana para taxa Selic em dezembro ficou estável em 15% ao ano.

Inflação acima da meta

Em junho, a inflação desacelerou para 0,24%, conforme os dados divulgados na última quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O destaque do índice foi os preços dos alimentos em domicílio registraram a primeira queda em nove meses, o que ajudou a conter o avanço. Ainda assim, a inflação acumula alta de 5,35% nos últimos 12 meses, permanecendo distante da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% com teto de 4,50%, neste ano e no próximo.

Para Volnei Eyng, CEO da Multiplike, o dado também é uma sinalização de que a política monetária restritiva começa a surtir efeito, ainda que os juros elevados sigam pressionando o ambiente de crédito. “Mostra que os juros altos estão começando a surtir efeito no controle dos preços. Ainda estamos acima da meta, mas já é um sinal de que a política monetária está no caminho certo”, avaliou. 

Em relação ao câmbio, as estimativas para o dólar registraram retração em todo o horizonte da pesquisa Focus. Em 2025, a projeção caiu de R$ 5,70 em R$ 5,65. Eyng ponderou que, apesar da melhora na perspectiva, a moeda norte-americana ainda é sensível a qualquer incerteza, principalmente no cenário fiscal e na política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

“Para 2026, o mercado projeta inflação dentro da meta, juros mais baixos e uma atividade um pouco mais moderada. Ou seja, há uma expectativa de que o Brasil entre num ciclo de maior estabilidade econômica, desde que as contas públicas estejam em ordem”, afirmou Eyng. Ele informou ainda que o ambiente ainda pede cautela. 

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postado em 15/07/2025 03:59
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