
A demanda por minerais críticos no ano passado foi de US$ 230 bilhões e deve chegar a US$ 1 trilhão até 2030, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês). O Brasil tem uma grande janela de oportunidade para avançar na exploração, conforme destacou Ricardo Sennes, diretor-executivo da Prospectiva Public Affairs Lat.Am.
“Nós estamos falando quase de um pré-sal, um outro pré-sal”, disse em participação no primeiro painel no evento CB Talks: Os desafios da agenda de minerais estratégicos para o Brasil, realizado pelo Correio Braziliense, com apoio do Instituto Escolhas.
O evento reúne especialistas, representantes do setor mineral, autoridades públicas e representantes da sociedade civil para discutir as tensões entre preservação ambiental, direitos de comunidades e interesses econômicos na mineração.
Na ocasião, Sennes defendeu que a exploração depende de um tripé, com regulação previsível, viabilidade econômica e diplomacia. “Qualquer setor está funcionando de maneira dinâmica e equilibrada, de maneira positiva, tem que ter um marco regulatório sólido”, destacou.
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Sobre a questão da viabilidade econômica, o diretor afirmou que a questão vai além da necessidade de crédito, ao destacar a carteira que o BNDES tem destinado para infraestrutura. “A gente precisa trazer a ponta dessa inovação para a questão dos minerais críticos”, afirmou.
“Não basta só olhar para o BNDES e falar que precisamos de crédito. Não é só crédito. Às vezes é mais garantia do que crédito. Às vezes é um investimento mais focado num tema crítico de inovação, do que necessariamente crédito”, acrescentou Sennes.
Geopolítica
Sobre a questão geopolítica, ele avaliou as tensões e afirmou que a negociação de minerais estratégicos passam por questões sensíveis e tem componentes diferenciados no mercado internacional. “Não é só a questão da transição energética, nós estamos falando de toda a cadeia de eletrônicos, de toda computação de alta velocidade, estamos falando de toda rede de comunicação. Inteligência artificial depende disso, estamos falando de uma indústria sensível. A indústria bélica tem muito a ver com isso também”, mencionou.
Segundo ele, o tema engloba uma “uma diplomacia estratégica que não é comum”. “Não vamos vender e conseguir nos inserir nesse mercado de mineral crítico como a gente se insere talvez no mercado de commodities, agrícola, por exemplo. Vai ter que ter acordo de fornecimento, de transmissão, de cooperação tecnológica (....) São questões que têm muito conflito e a gente vai ter que saber navegar neste conflito.”
Sennes apontou, ainda, para a necessidade de chamar as empresas e o setor produtivo para fazerem parte desse debate. “A gente precisa botar nessa roda (de debate) o pessoal de toda a eletrônica, da computação, das redes de dados, o pessoal da indústria velha”, mencionou.
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“Esse não é um tema só do setor de mineração. Mineração é um dos pólos. Na verdade, isso tem a ver com a sociedade em geral, porque tem o debate sobre a questão ambiental, da transição energética, etc. Mas também tem uma cadeia de valor que a gente está colocando para dentro”, apontou.
“Eu acho que a gente ganha se esse debate tiver na mesa os grandes da cadeia produtiva, os fornecedores. Enfim, é uma mensagem de desafio, mas me parece que o Brasil tem espaço”, complementou.
Confira evento na íntegra:
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