
Pode parecer roteiro de ficção científica, mas é uma proposta real: uma empresa quer criar peças de couro a partir do colágeno de Tiranossauro rex. A ideia é fruto de uma parceria entre a agência criativa VML e as companhias de biotecnologia Lab-Grown Leather Ltda e The Organoid Company.
Entretanto, o plano tem gerado controvérsia. As empresas afirmam que pretendem utilizar colágeno fossilizado combinado a DNA sintético desenvolvido em laboratório para fabricar o material. O produto final seria um couro cultivado com base no T. rex.
Cientistas, porém, dizem que a proposta é cientificamente inviável. De acordo com especialistas ouvidos pelo site Live Science, não há DNA disponível em fósseis de dinossauros. “O DNA mais antigo preservado conhecido tem cerca de 2 milhões de anos e foi encontrado na Groenlândia”, explica o paleontólogo Thomas Holtz Jr., da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. “Tiranossauros foram extintos há 66 milhões de anos. É uma diferença colossal.”
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
O colágeno encontrado em fósseis de T. rex é extremamente fragmentado. Segundo Thomas Carr, professor de biologia do Instituto Carthage de Paleontologia, os polipeptídeos preservados são muito limitados para uso prático. “As empresas não teriam com o que trabalhar”, afirma.
Ele também questiona a relevância do projeto, lembrando que o colágeno é uma molécula bastante conservada entre dinossauros e seus parentes modernos, como aves. “Não está claro por que alguém precisaria especificamente de colágeno de um animal extinto”, completa.
Saiba Mais