
Uma nova espécie de bactéria condutora de eletricidade foi descoberta em um banco de lama entremarés na Baía de Yaquina, no Oregon (EUA). Nomeada Candidatus Electrothrix yaqonensis, a espécie pode informar sobre a evolução das chamadas bactérias-cabo, além de abrir caminhos promissores para aplicações em bioeletrônica e remediação ambiental. O estudo foi publicado em 22 de abril na revista Applied and Environmental Microbiology.
O nome da bactéria homenageia o povo indígena Yaqo’n, cujas terras ancestrais abrangem a baía e o rio Yaquina. “Nomear uma bactéria ecologicamente importante em homenagem a uma tribo reconhece seu vínculo histórico com a terra e reconhece suas contribuições duradouras ao conhecimento ecológico e à sustentabilidade”, afirmou Cheng Li, um dos autores do estudo, em comunicado.
A nova espécie pertence ao grupo das bactérias-cabo: microorganismos longos, multicelulares e filamentosos que funcionam como fios elétricos naturais, graças a fibras especializadas altamente condutoras. Com a inclusão do novo espécime, já se conhecem 25 espécies desse grupo, encontradas em sedimentos marinhos e de água doce ao redor do mundo. No entanto, pouco se sabe sobre a estrutura e genética dessas bactérias.
A análise genômica do Electrothrix yaqonensis revelou que ela apresenta uma combinação única de características genéticas e vias metabólicas, servindo como um elo entre dois gêneros distintos dentro das bactérias-cabo. “Esta nova espécie parece ser uma ponte, um ramo inicial dentro do clado Ca. Electrothrix, o que sugere que pode fornecer novos insights sobre como essas bactérias evoluíram e como elas podem funcionar em diferentes ambientes”, explicou Li.
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A morfologia da espécie também chamou a atenção dos pesquisadores. Ela exibe cristas superficiais marcantes, até três vezes mais largas do que as observadas em outras bactérias-cabo, abrigando fibras condutoras feitas de moléculas únicas à base de níquel – o que a diferencia metabolicamente e estruturalmente das demais.
Esse diferencial pode ter aplicações práticas. Segundo o pesquisador, as bactérias podem ser usadas para remover poluentes de sedimentos por meio da transferência de elétrons. Além disso, suas propriedades condutivas têm potencial para inspirar o desenvolvimento de novas tecnologias bioeletrônicas, em áreas como segurança alimentar, indústria e medicina.