BRIGA

"Fui dar apoio espiritual ao meu pai", diz bombeiro após confusão em hospital

Segundo Genilson, ao chegar ao hospital, ele pediu autorização para entrar ou substituir a acompanhante que estava com o pai, mas não foi autorizado a entrar

Bombeiro da reserva dá voz de prisão a vigilantes no Hospital de Base e é detido -  (crédito: Reprodução/Redes sociais)
Bombeiro da reserva dá voz de prisão a vigilantes no Hospital de Base e é detido - (crédito: Reprodução/Redes sociais)

O sargento da reserva do Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), Genilson Deolindo Ferreira, de 49 anos, que tentou dar voz de prisão a vigilantes no Hospital de Base (HBDF) ao ser impedido de visitar o pai fora do horário, se pronunciou sobre o caso nesta quarta-feira (16/7). Ele afirmou que foi ao hospital por preocupação com o estado de saúde do pai, recém-operado, e disse que sua intenção era apenas oferecer apoio espiritual. O militar declarou ainda que, por ser da segurança pública, teria direito de acesso à unidade. "Minha irmã ligou para mim, dizendo que meu pai tinha feito a cirurgia, mas ele estava com a pressão alta. Eu fiquei muito preocupado, fiquei louco de preocupação. Achei por bem que devia ir até o hospital dar um apoio espiritual pra ele, falar do Senhor Jesus, falar da Bíblia", explicou.

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Segundo Genilson, ao chegar ao hospital, ele pediu autorização para entrar ou substituir a acompanhante que estava com o pai, mas não foi autorizado a entrar. “Chamaram o chefe responsável pelo setor de segurança, mas ele foi taxativo e não me deixou eu entrar. Falei que eu queria somente 10 minutos ou que a minha irmã descesse e eu substituísse ela, mas mesmo assim ele não deixou. Então, comecei a falar que a Constituição diz no artigo 5º, inciso 15, que as pessoas tem o direito de ir e vir. Por ser militar, eu teria acesso àquele local sim", afirmou.

O militar também sustentou que, por sua condição de servidor da segurança pública, teria acesso garantido ao local. “O militar é militar 24 horas por dia. Portanto, estou de serviço”, declarou. Diante da negativa, ele disse ter dado voz de prisão ao vigilante e, posteriormente, também ao oficial do CBMDF enviado ao local para apaziguar a situação. “Foi chamado um dos meus superiores, Capitão Felipe, que me deu voz de prisão. Dei voz de prisão para ele também, alegando abuso de autoridade", contou o reservista. 

Diante da insistência, o vigilante responsável acionou a Polícia Militar, e o próprio Genilson também chamou o Corpo de Bombeiros. Um oficial da corporação foi até o local para tentar resolver o impasse, mas decidiu levar o caso à 5ª Delegacia de Polícia. O militar foi liberado após o delegado entender que não havia crime configurado.

Posicionamentos oficiais

Em nota, o Corpo de Bombeiros esclareceu que o sargento da reserva teve o acesso negado por estar fora do horário de visitas e que a tentativa de resolver a situação de forma amigável não teve sucesso. “Como não foi possível encontrar uma solução, o Oficial decidiu encaminhar o caso à Delegacia de Polícia. Após apresentação do caso à autoridade policial competente, o militar foi liberado por não haver tipificação criminal cabível”, informou a corporação. "A situação será apurada administrativamente para prevenir eventuais casos semelhantes e garantir a melhoria contínua dos nossos serviços."

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF), responsável pela gestão do HBDF, relatou que o visitante teve um comportamento incompatível com o ambiente hospitalar e reforçou a necessidade de respeito às normas de visitação. “O acesso foi negado em respeito às normas internas da unidade. A instituição adota protocolos de visitação nas unidades, como a UTI, com o objetivo de garantir um ambiente tranquilo, seguro e adequado à recuperação dos internados. O respeito às normas hospitalares é fundamental para a manutenção da ordem e do bom funcionamento dos serviços prestados à população”, informou.

O Sindicato das Empresas de Segurança Privada do DF (SINDESV-DF) acompanhou o vigilante envolvido na 5ª DP e prestou suporte jurídico. O sindicato repudiou a conduta do sargento da reserva e informou que formalizou denúncia junto às autoridades. “O sindicato repudia a conduta do bombeiro de reserva que, por dever funcional e moral, deveria dar o exemplo, e exige rigorosa apuração do episódio pelas autoridades. A segurança dos vigilantes e de todos os usuários do hospital não pode ser negligenciada", ressaltou.

DC
postado em 16/07/2025 15:00
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