
O Teatro Sarah foi palco de mais um espetáculo que mistura música e muita emoção ontem. A atriz e cantora Letícia Sabatella e o pianista Paulo Braga emocionaram a plateia com show que celebra cantoras excepcionais da música brasileira e mundial. A apresentação faz parte do programa Arte e Reabilitação, que leva apresentações culturais para dentro da unidade hospitalar.
Pela segunda vez no palco do Hospital Sarah Brasília, Letícia Sabatella conversou com o Correio sobre a emoção de participar da iniciativa. "É muito especial, eu sempre gosto de fazer show aqui no Sarah, porque a gente vê aquilo que pareceria impossível acontecer", relata.
A atriz, que conheceu a Rede Sarah em visita a Brasília durante gravações da minissérie JK (2006), conta que se encantou pelo cuidado com os pacientes. "Tudo é belo, tudo é cuidado, tudo é pensado para trazer conforto, para trazer bem-estar para as pessoas que se reabilitam", pontua.
Em mais uma parceria com Paulo Braga, a artista faz ecoar a voz de artistas brasileiras como Cássia Eller, Elza Soares, Rita Lee e Marília Mendonça, além de versões de cantoras internacionais, como Violeta Parra, Cesária Évora e Amy Winehouse. "Eu não faço arte para outra coisa que não seja para eu poder me enxergar e ajudar a que as pessoas também se espelhem, para a gente poder ter uma sociedade mais saudável mental, emocional, física e socialmente", conta.
Braga elogiou o programa de Arte e Reabilitação e descreveu o momento como "um sonho". "É muito emocionante mesmo você saber que está fazendo um show para pessoas em recuperação e saber que o som que você está fazendo faz parte dessa recuperação", comenta. "Este lugar é um exemplo a ser multiplicado".
"Hoje, ninguém toma remédio para dor, porque liberou tantas endorfinas boas no cérebro que ninguém vai precisar de remédio", afirmou a presidente da Rede Sarah, Lúcia Willadino. Para a médica, "a cultura é essencial para um tratamento humanizado".
Homenagens
Ao final da apresentação, as homenagens ficaram por conta de Vitor Gabriel Pereira Santos, 16 anos, e Clarice Hazaoka, 24, pacientes do centro de reabilitação, que entregaram flores e receberam o carinho dos artistas.
O adolescente, que está no Sarah desde 2024, teve que vencer a timidez para ir ao encontro dos músicos no palco. Ele relata que já assistiu a outros espetáculos no Teatro Sarah, mas foi a primeira vez que representou os pacientes na homenagem. "Foi muito especial participar e conhecer as pessoas também, gostei demais", relata.
Aos 24 anos, Clarice faz tratamento no Sarah desde que tinha 1 ano de idade. Essa é a primeira vez que fica internada no centro de reabilitação e que pôde subir ao palco do teatro. Para ela, o momento de ontem foi de celebrar a cultura nacional.
"Estou conhecendo novas pessoas, tendo novas oportunidades de evoluir ainda mais como ser humano, porque eu acho que aqui é uma troca, você dá e você recebe também o conhecimento", comenta. "Já fiz várias amizades, conquistei várias pessoas com um pouco da minha história, e isso também está sendo ótimo para mim".
A jovem, que tem uma paralisia cerebral, mora sozinha e é atleta de halterofilismo, ela conta a trajetória para inspirar outras pessoas. "As pessoas me agradecem, tipo 'eu te conheci, muito obrigado, você fez eu evoluir um pouco mais', e isso é muito bom", finaliza.